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domingo, 16 de maio de 2010

A Gigante Mau cheirosa!

 


Fotos: cortesia da Universidade de Wisconsin-Madison departamento de botânica, e de seu website da Flor Cadavérica.


fly

Uma forma alongada emerge de dentro de um cálice.

 
















fly
A crowded greenhouse with plant at center. Berry stands before plant with raised arms, looks into interior, holds camera. 

















Em junho de 2001, ela fedia tanto que você só podia 
admirá-la. "Ela", é claro, é a Amorphophallus titanum,
a flor cadavérica, uma raridade das florestas da Sumatra,
que floresceu na estufa do departamento de botânica 

da Universidade de Wisconsin-Madison.  
Botânico Paul Berry admira a flor cadavérica. Ou 
será que ele está tirando a foto do interior da 
planta que você vê nesta página?




Raramente a estufa recebe algo mais excitante que
alguns pássaros exóticos e alguns botânicos ansiosos.
Porém, nas últimas duas semanas, um "engarrafamento"
foi provocado por vários amantes das plantas que vieram
para olhar de perto a flor de 2 metros e meio de altura,
com a esperança de sentir seu perfume pútrido, para 
depois sair e comprar camisetas de lembrança desse 
momento mágico.
Para a sorte de alguns milhares de fitófilos que chegaram 
durante a fase de florescimento da fêmea, a flor cadavérica
liberava ondas após ondas de compostos nauseantes. 
Spathe is ridged, purple. Flowers are seen at base of spadex. 











Não somos do ramo de perfumes,
mas esse aroma é mesmo incrível. 
Um mau cheiro. Eau de odor. A 
análise por cromatografia a gás das amostras de ar tiradas na semana 
que houve a florescência revelou a presença de escatol e de vários 
outros compostos sulfúricos 
mal-cheirosos.
 



Um Cheirinho Desagradável
Desagradável é, na verdade, exatamente como podemos

definir o odor. A planta estranha atraiu legiões de moscas domésticas à estufa de Wisconsin.
Mas isso não foi acidental. As flores cadavéricas evoluíram
ao ponto de tirar vantagens do seu estilo próprio de 
polinização por insetos. (Você se lembra do pólen -- a contribuição masculina para fecundação das plantas? 
Pólen + Ovo = semente fecundada.) 

illustration of a Hybosorid beetle, Phaeochrous emarginatus, Hybosoridae 









 

Qual o principal suspeito de polinizar a 
amorphophallus? Alguns cientistas suspeitam que besouros podem ser importantes polinizadores da
fétida arum titan. Mas há dúvidas quanto ao tipo de besouro, segundo Wilbert Hetterscheid que entende
do assunto. Ele falou ao "The Why Files" que  o polinizador dessa flor pode ser esse besouro ao 
lado, um Hybosoridae.
 
A flor cadavérica é um tipo de flor que prefere NÃO ter polinização direta. Assim, a parte feminina da planta se abre primeiro, como mostrado acima. Alguns dias depois, a
parte masculina da planta se abre. Em ambos os casos, 
o mau cheiro atrai besouros e moscas domésticas que 
costumam depositar seus ovos em carniça. 
Atraídos pelo cheiro -- perfume de excremento -- os 
polinizadores exercem um papel essencial ao mover o
pólen às plantas femininas receptivas. 
A planta não fica ali apenas emitindo seu odor azedo, 
que pode ser detectado pelos insetos a quilômetros de
distância. Ela se aquece, ao metabolizar açúcares, para
acelerar a vaporização dos compostos mau cheirosos. 
Na flor fêmea, o topo da inflorescência fica com uma 
temperatura de cerca de 10 graus maior que a temperatura ambiente.
Planta Ferozmente Fétida
Apesar de vários visitantes acharem que a parte alta da 

planta é sua flor, na verdade isso é uma inflorescência, uma estrutura que contém milhares de pequenas flores, tanto 
masculinas como femininas. Essa planta tem a maior
inflorescência do mundo.
Para uma planta poderosa, até que as as mudanças ocorrem rapidamente. Às 11 horas da manhã de 7 de junho, o dia
em que apareceu a flor feminina, não se sentia o odor nem
tinham moscas. Por volta de 13:20, segundo Thomas 
Sharkey, um professor de botânica da Universidade de
Wisconsin-Madison, o fedor horrível, cheirando a esterco
e morte, atraiu "milhares de moscas."

Com sua pétala aberta como uma saia de havaiana virada ao contrário, a flor cadavérica emite seu pungente aroma.
 
A purple spadex emerges from a green spathe that circles it like an upside-down skirt. Spathe is purple inside, fringed at edge. 





















Segundo Sharkey, feder para atrair polinizadores é uma
tática comum de plantas, já que isso também acontece 
com uma outra flor que parece um repolho mas que tem
as características de cadavérica. Rosas e lírios do vale 
emitem perfumes mais gostosos para atrair abelhas e 
outros polinizadores. 
O odor azedo atrai insetos que colocam seus ovos em
carne putrefata. Esses agentes recicladores naturais 
viajam longas distâncias carregando pólen entre as flores cadavéricas. 
O Tamanho
Mas por que a A. titanum precisa de uma inflorescência 

gigante? "Essa é a maior, porém não respondida, questão",
diz Thomas Givnish, outro professor de botânica da 
UW-Madison que voou como um besouro até o local
fedorento. Ele disse que uma inflorescência da A. titanum
é 100 vezes mais alta -- e pode ser 1 milhão de vezes
maior -- que a inflorescência de alguns membros do mesmo gênero,  Amorphophallus.
Givnish disse que essa inflorescência titânica aparentemente evoluiu devido à vantagem reprodutiva que botões gigantes aparentemente predomina sobre o custo metabólico de se fazer a flor. "Inflorescências gigantes devem atuar como chaminés que
jogam compostos quentes, de cheiro desagradável no ar,
atraindo polinizadores que estão muito distantes e 
permitindo que eles levem o pólen para outros indivíduos
distantes dessa rara espécie."
E por que será que uma planta do outro lado do mundo 
consegue atrair as moscas deste continente? Porque, 
segundo Givnish, a morte cheira mal em qualquer parte
do mundo...
-- David Tenenbaum fly
 
Nota da tradução: Este texto foi escrito quando
a Titan Arum floriu pela primeira vez na estufa da University of Wisconsin-Madison. Outras duas 
plantas floriram nessa estufa em 2002 e 2004. 


Bibliografia:
Inflorescence Odours of Amorphophallus and Pseudodracontium (Araceae), Geoffrey Kite et al, Phytochemistry, 46:71-75, 1997.

Tradução, com permissão, pela autora da 
página "Ciência para Crianças". A página 
original faz parte do "The Why Files" e 
encontra-se em: http://whyfiles.org/shorties/080corpseflower/index.html 

Fonte: UFRJ

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